"[...] expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade que chovia - peneirava - uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, [...]" (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, 2010)

sábado, 27 de março de 2010

Perdão


Falei alto com você? Disse o que não deveria? Fiz o que não era pra ser feito? Ofendi? Desculpe. Caso eu tenha exagerado, se fiz antes o que deveria ser feito depois, me perdoe. Não pedi desculpas antes? Nunca chego no horário? Estou aqui para me desculpar.


Estou de teu lado e quero pedir desculpas por todas as vezes que errei e não olhei pra você antes que virasse o rosto ou desligasse o telefone com a nítida razão de estar muito chateada comigo. Se eu estiver longe, não tem importância, estou pedindo as mesmas desculpas, de ontem e de hoje.


Saiba que se não percebi meu erro antes, fui grosso, mal-educado e insensível com você, mas agora, mesmo não lembrando de todas as grosserias, peço que me perdoe. Caso eu tenha percebido minha arrogância em seu exato momento e minha boca tenha lhe pedido desculpas nessa hora, peço desculpas mais uma vez.


Acho que é muito pouco pedir desculpas, por isso, quero te abraçar agora. Abrace-me também. Mesmo que esteja com muita raiva não se esquive. Abrace-me e sinta meu coração. Sente? É ele quem pede perdão. Está triste há dias... desde que percebeu o quão foi inconsequente. Mas só foi malcriado até perceber que não há razão pra bico e cara-virada quando uma palavra sincera pode colocar as coisas no lugar.


Meu coração agora está falando com o seu. Está pedindo desculpas. Eles têm uma linguagem própria e se entenderão muito bem. Então, não se envolva, deixe que eles se entendam.