O que você carrega nos bolsos? Chaves velhas, cigarros e algumas moedas?
Essa tralha diz quem você é. E pode delatar o que, esse descuidado dentro de você, não queria ser. Se disfaçar vale, finja pensar enquanto fuma um cigarro e brinca com as moedas valendo-se da força da gravidade. Parceiro, acorde: você não é calça e sua cabeça não é bolso. O que há dentro de você tem funcionalidade e valor maiores que moedas, cigarros e chaves.
A vida e você são mais que o mínimo que se pode conquistar. Caminhe alguns passos em sua direção. Agora, pare. O que vê? Se continuar turvo, tome coragem e dê mais passos até se enxergar no espelho da vida, da sua vida. Ele reflete você, é claro, mais quem quiser que ele reflita, os que são alguém e os que nada são, nem eles mesmos. Contudo, mantenha o foco. Você é o foco!
O que conquistamos deve ser o real da metáfora com chaves, cigarros e moedas. Particulares ou coletivas devem estar além do uso banal e nunca confunda com roupas ou carros porque nem sempre elas são físicas, apesar de passíveis de mensuração. Ou não, como o lindo sorriso de quem amamos, tão intenso e radiante que custamos crer tanta riqueza naqueles poucos centímetros de boca e dentes, mas de valor infinitamente maior que carros e roupas.
Olhe com o coração para encontrar refletida as suas riquezas (que são maiores e mais importantes que cigarros e moedas). Olhe mais fundo e veja-se parte delas. Caso não se enxergue, duas possibilidades: ou você já está cego ou ainda não encontrou o seu espelho. Torça pelo segundo e mire o horizonte. E se enxergar pelo retrovisor vale? Vale, mas não esqueça os pontos cegos!